Perspectiva
Um blogue sobre fotografia, por Luís Afonso

Porto Santo, 2012

3-2-1: Cópia!


Fazer cópias de segurança do nosso arquivo fotográfico é fundamental. Não me canso de o dizer e até já escrevi sobre isso aqui. Mas, tão importante como ter uma política de gestão do arquivo eficiente e fazer cópias de segurança de forma regular e simples, é o lugar onde guardamos essas cópias.

Vamos assumir, por exemplo, que temos uma cópia de segurança das nossas fotos num disco externo e que até o arrumamos longe da vista (mas perto do coração) num dos armários lá de casa. Se o computador ou o disco externo onde temos o arquivo se danificar, teremos sempre a cópia de segurança à nossa espera lá no armário. Mas se acontecer um problema em nossa casa, tal como um roubo ou uma catástrofe natural (knock, knock… batendo na madeira), nem o computador, nem a cópia se safam e lá se vão as nossas memórias fotográficas e o resultado do nosso trabalho de anos pelo “cano abaixo”.

Por essa razão, uma das regras douradas da política de cópias de segurança diz-nos que devemos guardar, pelo menos uma das cópias, num local diferente, fora de casa.

Uma das cópias, perguntam vocês? Sim, a mesma política, conhecida como 3-2-1, diz-nos que devemos fazer sempre três cópias dos nossos dados mais preciosos, guardar essas cópias em pelo menos dois tipos de suporte diferentes e arrastar uma delas para fora de casa.

A regra 3-2-1

A regra 3-2-1

Tudo isto pode ser considerado um pouco paranóico, mas garanto-vos que o estado em que cada um de nós pode ficar quando perde todo o arquivo fotográfico vale todo este esforço. E, por muito cuidado que tenhamos, isto pode acontecer de um dia para o outro. É certo que as catástrofes não acontecem muitas vezes – felizmente – mas discos e computadores a estragar-se (especialmente discos externos) é mais frequente do que se pode imaginar. Posso garantir-vos que esse disco externo que vocês estão sempre a transportar de um lado para o outro se vai estragar mais cedo do que vocês imaginam. Se ele representa a única cópia de segurança que têm, bem, estão mesmo a pedi-las.

Tal como eu, existem vários fotógrafos que levam a salvaguarda do arquivo fotográfico a sério e a prova disso foi a recente conversa que tive com alguns amigos no grupo de Facebook dos participantes de eventos fotonature. Nessa conversa, o Luís Leal pedia alguns conselhos sobre serviços na Cloud onde colocar uma das cópias de segurança. Isto porque, se atendermos à regra 3-2-1, o “fora de casa” pode mesmo querer dizer na Cloud, ou seja, alojada num servidor de uma empresa que oferece armazenamento acessível através da internet.

Em jeito de resposta à sua pergunta, vou então partilhar convosco como está montado o meu sistema de cópias de segurança.

Em primeiro lugar, o meu arquivo fotográfico está disponível no computador do meu estúdio na província, perto das Terras de Aire onde tanto gosto de estar a fotografar. Esse computador, exclusivo para fotografia, tem um disco suficientemente grande para albergar todo o catálogo que hoje em dia chega perto de 800GB. Ainda assim, parte desse arquivo está guardado num disco externo dentro de um armário lá de casa. São fotos que fiz entre 1997 e 2007 e que raramente tenho de consultar. No disco interno do computador apenas está o arquivo com fotografias de família e de natureza.

Em termos de cópias de segurança, tenho um disco externo em Lisboa e um disco externo no escritório da província, exactamente iguais e que são actualizados com frequência a partir de um NAS que tenho na província. Um NAS é um sistema de armazenamento que alberga discos internos e que tem um processador e sistema operativo que permitem fazer a sua gestão. É um pequeno computador dedicado a armazenamento e que se liga ao router do vosso operador de serviço internet (no meu caso MEO) para poder ser ligado à internet, permitindo que os dados possam ser acedidos em qualquer lugar. O meu sistema é um Synology DS413J que tem dois discos de 2TB num sistema que permite que se um dos discos se estragar, a informação não se perca, possibilitando a sua substituição sem problemas. Este sistema é bastante robusto e para terem uma ideia funciona há mais de dois anos sem qualquer interrupção. Está sempre ligado, sempre disponível e em constante monitorização pelo próprio sistema interno.

Mas, como é óbvio, este NAS também pode avariar, tal como pode haver uma catástrofe que faça com que a informação existente neste suporte e nos discos externos da província desapareçam. Por essa razão, existe o disco externo em Lisboa a garantir um segundo local e a respeitar a regra 3-2-1.

Recentemente, resolvi subscrever o serviço Amazon Cloud Drive, um serviço de armazenamento na Cloud que me permite guardar todas as fotos que quiser por apenas $11,99 por ano. Ora isto dá menos de 1 euro por mês, um preço imbatível que não tem igual em mais nenhuma oferta existente. Este plano de armazenamento permite guardar todas as fotos que quisermos, inclusive em formato RAW e ainda dá 5GB para outros ficheiros. Mas o que aconselho é que o usem apenas para guardarem o vosso arquivo fotográfico, pois existem outros serviços, como o Google Drive ou iCloud, mais aptos a lidar com outros tipos de ficheiro.

O Amazon Cloud Drive não funciona como o Dropbox ou o MEO Cloud. Não permite sincronismo com o computador e tem um interface online muito básico. Mas serve o propósito para o qual o subscrevi a um preço imbatível: servir de repositório para depositar as minhas cópias de segurança num lugar externo, seguro e de confiança.

Esquema do Sistema de Backup

Para além disso, funciona em perfeição com o meu Synology. Isto, porque existe uma aplicação que pode ser instalada no Synology que permite o sincronismo entre o arquivo residente no NAS e a drive da Amazon. Quer isto dizer que, de forma simples e automática, tudo o que copio para o meu NAS é replicado automaticamente através da internet para o meu espaço na Amazon Cloud Drive, fazendo assim que exista um espelho do que tenho em casa nos servidores de armazenamento da Amazon. Isto permite que possa gerir tudo em casa (apagar, mover, acrescentar fotos) e que depois tudo  seja replicado para a Cloud. Se precisar de ir buscar um ficheiro, posso depois ir buscar ao NAS ou à Amazon Cloud Drive que tem um software para fazer upload e download dos conteúdos e um portal na internet para visualizar e descarregar as fotos que quiser. Esta solução permite que, sem qualquer intervenção da minha parte, exista uma cópia de segurança na internet sempre atualizada com os conteúdos do meu arquivo fotográfico residente no NAS (a cópia principal do meu arquivo fotográfico). Assim sendo, basta que copie as minhas fotos frequentemente para o NAS para que possa dormir descansado.

Com esta solução, posso finalmente deixar de usar vários discos externos que são altamente propensos a avarias e, ainda assim, respeitar a regra 3-2-1:

  • 3 cópias de segurança: NAS (primário), Disco Externo na prateleira e Amazon Cloud Drive;
  • 2 suportes diferentes: NAS, Disco Externo e Cloud;
  • 1 cópia fora de casa: Amazon Cloud Drive

Espero que este artigo tenha sido útil para vos apresentar mais uma solução para garantirem vida longa ao vosso arquivo fotográfico. Mas lembrem-se: nada disto funciona se estas cópias não forem feitas frequentemente.

Boas fotos!

3 Comentários

  •    Responder

    Clap Clap Clap…..excelente artigo Afonso 🙂

    Veio mesmo a calhar pois estou a reformular o meu sistema de backup para 2016.

    Abr

  •    Responder

    Muito bom artigo e que só me veio mostrar que…estou mesmo a pedi-las 🙁
    Apenas me falta o Computador na Provincia para ter o tal 3-2-1 🙂
    Parabéns pelo artigo, muito util.

  •    Responder

    Olá Luis,
    antes de mais, parabéns pelo excelente artigo sobre uma coisa tão importante como são as nossas preciosas fotos.
    Tenho feito algumas análises de soluções desde a solução física em casa até ao backup externo e a cloud e para já neste momento já tenho uma cópia das fotos fora de casa. Mas ainda não me decidi sobre a solução a usar no NAS pois há várias soluções (mais proprietárias, mais flexíveis, mas fácil de expandir, etc ….) e não consegui fechar na minha cabeça a mais razoável em termos de custos/durabilidade.
    Isto vai provavelmente obrigar ainda a passar a usar vários catálogos de LightRoom, algo que tenho evitado a todo o custo, mas que não creio que seja possível manter.
    Tenho de me decidir nas próximas semanas sobre este tema.
    Um abraço,

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