Too many notes!
Hoje inauguro uma série de artigos sobre o meu software de fotografia favorito: o Adobe Photoshop Lightroom. Para começar, nada melhor do que mergulhar de cabeça no componente fundamental do Lightroom: o catálogo.
O catálogo não é mais do que uma base de dados que contém informação sobre as suas fotos, embora não contenha as próprias fotos. Este facto representa uma certa confusão para muitas pessoas que pensa que ao importar as fotos para dentro do catálogo do Lightroom as move ou copia fisicamente para dentro da base de dados do software. Algumas pessoas que conheço descobriram que isto não é verdade da pior maneira… Após uma importação bem-sucedida, apagaram as fotos da sua localização original e puf! lá desapareceram as fotos.
Para que todos entendam como funciona o catálogo do Lightroom deixem-me fazer uma analogia com um catálogo do Ikea ou da La Redoute. Nesses catálogos, quer sejam em formato digital ou em papel, todos podemos ver os artigos vendidos, ver as suas características, ver o seu preço, a sua cor e até uma pequena fotografia dos mesmos. Mas se quisermos vestir uma t-shirt da marca x vendida pela La Redoute ou deitarmo-nos numa cama do IKEA, temos mesmo de adquirir fisicamente o artigo ou pelo menos tê-lo ao alcance da mão para o experimentar.
O catálogo do Lightroom funciona de forma semelhante. Ao importarmos imagens para o software, a única coisa que é guardada é a localização das mesmas, uma pequena previsualização (preview) e a informação de metadados existente na própria foto. Isto quer dizer que se movermos as imagens de sítio, ou as apagarmos, o Lightroom deixa de saber onde estão, embora continue a saber que elas existem (ou existiram em tempos), qual é o seu nome, as suas características e até tudo o que fizemos sobre as fotos dentro do Lightroom. E continuaremos a ver a pequena pré-visualização que até nos mostra como era a foto. Agora se as quisermos editar ou imprimir, o Lightroom vai queixar-se a dizer que não encontra mais as fotos.
O catálogo do Lightroom funciona então como uma base de dados que guarda informações sobre as suas fotos e sobre tudo aquilo que lhes faz dentro do Lightroom, quer sejam ajustes de edição, atribuição de palavras-chave, classificação, organização em coleções, testes de impressão, livros, coordenadas GPS, etc… O importante é perceber que as fotos fisicamente não estão no catálogo, apenas as suas características e a sua localização.
Para uma maior compreensão do que é o catálogo do Lightroom, a Adobe disponibiliza estas FAQ que vos ajudarão a perceber de forma mais profunda o que digo: http://helpx.adobe.com/lightroom/kb/catalog-faq-lightroom.html
Posto este ponto prévio, e agora que todos já perceberam o que é o catálogo, gostava de centrar este meu primeiro artigo na inevitável questão: mas quantos catálogos é que eu devo criar?
Ao abrirmos pela primeira vez o Lightroom, somos confrontados com a criação ou abertura de um catálogo, isto porque como já referi, a aplicação não funciona sem um catálogo de suporte. Se não tivermos nenhum, somos obrigados a criar um catálogo e por defeito é criado um na primeira utilização. Como o Lightroom permite abrir todos os catálogos que quisermos (um de cada vez, claro está) e permite criar todos os catálogos que quisermos, qual será a melhor maneira de organizar as nossas fotos por forma a cumprir um dos objetivos fundamentais de qualquer base de dados: guardar a informação de forma eficaz para que possa ser consultada e encontrada de forma simples e rápida.
Partilhando a minha própria experiência, ao princípio, aí por volta do ano 2006 quando usei a primeira versão Beta do software, decidi criar 3 catálogos diferentes: um com as fotos de família, outro com as fotos que fiz com compactas digitais antes de adquirir a minha primeira dSLR e outra com as fotos pós Canon EOS 300D. Poucos meses depois, decidi que estava na altura de criar um novo catálogo só com as minhas fotos de paisagem e assim foi criado o catálogo no. 4.
Olhando para trás, embora a organização me parecesse boa, tenho a dizer que a abordagem não foi nem prática, nem eficaz, no que diz respeito à organização e procura das fotos. Quando saia de férias e trazia comigo fotografias da família, de paisagem e outras que não são uma coisa nem outra, havia 3 catálogos para atualizar. E como comprei uma nova compacta há um par de anos atrás, haveriam 4 catálogos a precisar de atenção. Estão a imaginar o trabalho que dá na importação e organização das fotos e o tempo que se gasta a tentar adivinhar onde estarão as fotos que se pretendem procurar e pior do que isso, para que catálogo devem ir. E uma foto em que está a família, mas que também é de viagem, para onde vai…? Enfim, como dizia o imperador Joseph II a Mozart no filme Amadeus, “são notas a mais”, o que neste caso corresponde a catálogos a mais! 🙂
Para tentar acabar com esta confusão, neste momento tenho apenas 3 catálogos: Paisagem, Família e o Resto. Ainda assim, penso que é trabalho a mais tentar lidar com três catálogos, pelo o que realmente aconselho é criarem apenas dois: um para o vosso trabalho profissional (ou aquele que vocês consideram como o principal tema do vosso hobby) e outro para tudo o resto. E se são daqueles fotógrafos que não têm um estilo vincado e que fotografam tudo, de todos os temas, aconselho a abordagem de um único catálogo. Keep it simple!
Um único catálogo tem inúmeras vantagens: simplifica as tarefas de backup e de gestão dos ficheiros (mais sobre este tema neste artigo), minimiza o esforço para encontrar qualquer fotografia e permite que todo o histórico esteja acessível num só local. Como principais desvantagens – se é que se possa afirmar que são desvantagens – pode apontar-se o tamanho que o catálogo pode atingir e a necessidade fundamental de se usarem palavras-chave, coleções e outras funcionalidades que o catálogo expõe para se organizarem as imagens. Se não se usarem estas “ajudas” será bastante difícil encontrar qualquer fotografia de forma simples, em especial se, como eu, o vosso catálogo ultrapassar as centenas de milhares de fotos.
Em jeito de resumo e se estiver na dúvida, use apenas um único catálogo e inunde-o de fotos. Se achar que a criação de múltiplos é uma decisão acertada, pense duas vezes e depois crie-os fazendo uma escolha fundamentada. O importante a reter é que a decisão de escolher mais do que um catálogo é para utilizadores avançados que necessitam desse grau extra de separação.
Boas fotos e até ao próximo artigo!
Boa noite Luis Afonso,
Gostei do teu novo tema e obrigado por partilhares a tua experiência.
Eu também começei a desenvolver os meus trabalhos no Lightroom hoje estou com a versão 5 e cada vez gosto mais.
Precisamente começei com um catálogo neste momento estou a fazer um catálogo por mês, porque tenho lido que o catalogo tem a tendência para ficar lento.
Hora depois de estar a passar por esta experiencia notei que compliquei a minha vida para catalogar as fotos como o catalogo é novo já não tenho as palavras chaves memorizadas o que torna mais difiçil e saber determinada imagem em que catalogo está, fica aqui registado a minha experiencia.
Gostava de saber a tua opinião se realmente achas que o catalogo fica lento num próximo artigo.
Abraço
Boas fotos
Pedro, por experiência própria e por tudo o que li, essa questão da lentidão é um mito. Conheço alguns fotógrafos que fazem catálogos anuais, mas por mês acho que não. Acho que não compensa mesmo e que não o deves fazer. Para teres uma ideia, o meu maior catálogo tem para cima de 30 mil fotos e não noto qualquer degradação de performance. Encontro tudo em milisegundos e mesmo a aplicação comporta-se de forma rápida.
Fica a nota! Acho que um catálogo por mês é ingerível. Nunca vais conseguir encontrar nada..
Luis
Para quem quiser perceber como a partir de vários catálogo se pode juntar tudo num só tem aqui um excelente video da Adobe TV: http://tv.adobe.com/watch/the-complete-picture-with-julieanne-kost/lr3-merging-individual-lightroom-catalogs-into-a-master-catalog-/